Há uma tradição, no Brasil, de que o antagonista político deve ser completamente derrotado; se possível, mesmo que veladamente, nutrindo um desejo de morte física e, principalmente, de ideias do já considerado inimigo. Isso vem de longo tempo.
Aquele que diverge dos pensamentos de certas facções é um indivíduo que não deve sobreviver à política após embates de campanhas numa disputa eleitoral. Armam-se estratégias para induzir o povo a pensar que o oponente é detentor das piores qualidades como pretendente ao cargo eletivo. Por isso surgem, nesses períodos, calúnias e iniciativas precipitadas, abertura dos cofres públicos e todo tipo de guerra eleitoral. Tudo vale para conseguir o poder. Pouco se discute ideias e interesses coletivos; a centralização está simplesmente nessa fome de domínio. Quando o vitorioso é instalado na função, inicia uma etapa para desqualificar o antecessor. Nada de aproveitar as obras positivas anteriores: os projetos são abandonados, gerando prejuízos para o erário público. A ânsia é expor as mazelas do governo anterior para sobressair como herói, dizendo que veio para salvar a nação, o estado ou o município. A maioria pensa assim, com o olhar fora da realidade, esquecendo-se do essencial, que é a vontade do povo de sobreviver às dificuldades. Com isso entendemos que o respeito à pluralidade de ideias no País não é uma praxe. Quase sempre os políticos são obrigados a admitir a existência de outros grupos que não pensam da mesma forma, porque estamos numa democracia. E só se unem com outros partidos por interesses de poder. O governo de países que não aceitaram outras ideias está consolidado como um estado forte e predominante sobre a vontade da sociedade, levando-a a uma tragédia social, cultural, por perder a sua identidade e força.
E é em nome do povo que todos justificam estar no poder. Nenhum deles diz que conseguiu estar lá porque seu partido quis conquistar o máximo nem deixa transparecer que está com a ambição afiada. Dizem que estão ali por idealismo. Até os mais descarados na história contemporânea da política brasileira revestem-se com uma pele de cordeiro bem-adaptada para o momento, unindo-se com antigos desafetos, entre abraços e batidas nas costas, deixando a opinião pública revoltada com essas demonstrações de hipocrisia. O essencial é o povo se libertar das armadilhas do Estado para escolher melhor seus representantes
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