"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Pierre-Auguste Renoir


                                                        Renoir desenhado por Picasso

Renoir era essencialmente um pintor do trabalho contínuo, da ação permanente com a matéria da pintura. Desprezava tudo que poderia se chamar “teoria” e gabava-se de ser assim. Logo cedo, na adolescência, aos 13 anos, iniciou o seu labor com os pincéis, mas para pintar porcelanas com temáticas florais e figurativas, como o retrato de Maria Antonieta, assunto que o público consumidor mais gostava. Quando adquiriu um sucesso popular e, principalmente, com o patrão do comércio das porcelanas — que ficou dependente de sua arte e impressionado com o pintor jovem e talentoso —, Renoir passou a ser saudado nas ruas de Limoges, sua cidade natal, como uma preciosidade na decoração em porcelanas. O sucesso foi tão precoce nessa atividade que conseguiu dinheiro suficiente para comprar uma casa para seus pais e juntar um pouco mais para ir a Paris e frequentar ateliês de mestres e a Escola de Belas Artes. Esse momento lhe foi importante porque travou conhecimento com os ainda jovens pintores Bazille, Monet, Alfred Sisley, Cézanne... Depois vieram os contatos com Pissarro, “o cérebro da jovem pintura”, Seurat, Degas, Caillebotte, Berthe Morisot e Manet, um dos inspiradores dos impressionistas...

                                                               

Renoir era um frequentador assíduo do Louvre e foi ali que aperfeiçoou o seu pensamento sobre a arte observando as pinturas de Watteau, Boucher e, posteriormente, Fragonard, com os retratos femininos; sobre a Escola de Barbizon, paisagistas que se reuniram a partir de 1830, afirmou: “Compreendi, de imediato, que homem excepcional era Corot. Não passará nunca”. Essa base fortaleceu suas pinceladas e o definiu antes de conhecer a luz do impressionismo, na qual encontrou uma libertação das cores e a criação absoluta do estilo, da caligrafia da sua obra, permanecendo como um dos fundadores mais fortes desse movimento.

Renoir orgulhava-se da simplicidade da sua paleta, da maneira rápida como pintava e como conseguia as formas nas telas, com felicidade, iluminação; para ele, a arte deveria imitar as coisas da natureza, na essência, na grandeza; tinha as mãos para representar o próprio olhar, antes das teorias. Dizia que “na minha casa só posso suportar as mulheres”. E estas eram modelos e serviçais. Segundo conta o seu filho Jean Renoir, no livro “Pierre-Auguste Renoir, meu pai”, o pintor pedia-lhes que cantassem, contassem histórias, tornassem a sessão mais alegre possível. Eram elas que punham as cores na paleta e amarravam os pincéis em suas mãos deformadas pela artrite e cobriam o seu corpo com ataduras ungidas por álcool para a higiene pessoal, todas as noites.

A generosidade de Renoir era notável, tornou-se rico, distribuía milhares de francos aos que necessitavam, deixando-os agradecidos e emocionados por essa atitude.