"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand

sábado, 2 de agosto de 2014

Adeus, Santander Cultural


Foi anunciado, através de carta da equipe do Santander Cultural, no início do ano passado, aos seus caros amigos, que o edifício que o abrigava iria passar por uma grande reforma, que envolveria a restauração completa de sua fachada e importante requalificação interna. Também foi informado que a casa seria reaberta em maio de 2014, já no ritmo e na emoção da Copa do Mundo. Até aí a comunidade cultural ainda vibrava por crer que o importante centro das artes visuais, após vinte anos de participação na cidade do Recife, com exposições e curadorias direcionadas a apresentar o melhor da arte pernambucana e do País, iria, finalmente, dar um passo fundamental para se consolidar no Estado.

O baque foi grande ao alcançarmos o futuro no prometido maio de 2014. Os artistas, tendo conhecimento de que o Santander iria fechar as portas, clamaram para que o banco mantivesse as instalações e os equipamentos para que a vida cultural na cidade continuasse. A alta cúpula do banco respondeu que considera o edifício muito limitado para as exposições e que iria usar o Museu do Estado de Pernambuco (Mepe) para investir na arte e na cultura, tendo já firmado um contrato de três anos com o Museu. O Santander tem o direito de investir o seu dinheiro da melhor forma que indicar a sua estratégia financeira. A nós cabe apenas lamentar o fechamento de uma das instituições mais vivas do Recife, que já fazia parte de nossa cultura, relacionando-se com muitas outras em âmbito nacional.

O seu coordenador, Carlos Trevi, tornou-se uma das pessoas mais próximas dos artistas pernambucanos, principalmente por realizar exposições significativas e dar uma dimensão real da arte do Estado e do Nordeste para o País. As mostras eram organizadas no padrão excelente de apresentação, de curadoria; os catálogos, com grande qualidade gráfica e textos didáticos, críticos e de elevado nível. Poderia citar várias delas como exemplo, mas uma das que, no meu ponto de vista, marcaram foi Zona tórrida – certa pintura do Nordeste, que trouxe uma visão da pintura que se desenvolveu na Região. Uma liderança que Trevi exercia com discrição e elegância, admirada por todos que conheceram a sua coordenadoria. Tornou-se, assim, também um cidadão pernambucano pelo seu trabalho e pela sua dignidade.

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