"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Olinda, a arte e seus artistas

A idéia do movimento Olinda Arte em Toda Parte surgiu entre os artistas e foi se consolidando como uma das realizações anuais de toda a comunidade e da vontade política da administração pública do município, incorporando uma dimensão que envolve, na repercussão, todo o Estado de Pernambuco.

O seu percurso histórico iniciou nos primeiros diálogos entre Tereza Costa Rego, Plínio Victor e Petrônio Cunha, de onde surgiram os primeiros passos para concretizar um projeto que envolvesse não somente os artistas, mas também toda a cidade numa participação viva de sua cultura e, claro, para amadurecê-lo, compartilharam com outros companheiros, tais como Raul Córdula, Ypiranga Filho, Marcos Cordeiro, Luciano Pinheiro, João Câmara, Maria Carmem e Giuseppe Baccaro — este último disponibilizou o Atelier Coletivo de Olinda para que fosse um dos núcleos culturais do evento.

Na primeira edição, em dezembro de 2001, coube a Raul Córdula o texto de apresentação do catálogo, com título Utopia do Olhar, onde inclui, com a competente visão histórica e crítica, todas as gerações de artistas que estiveram em Olinda contribuindo com suas obras, individualizando-os e incorporando-os à realidade de uma cidade que, por si só, já é uma obra de arte, com as importantes instituições, construções arquitetônicas e a característica natural de um povo que fala a língua própria da alegria e da cultura, nas manifestações coletivas.

Neste 10º Olinda Arte em Toda parte, de 2 a 12 de dezembro de 2010, Raul Córdula não somente assina o texto de apresentação, como também é o curador que proporcionou uma retomada do entusiasmo e do vigor das primeiras edições — que muitos artistas discutiam e constatava a necessidade desse retorno —, numa concepção à altura do movimento que faz parte da vida da cidade, que tão apropriadamente o curador a intitula como a Cidade do Artista, onde, segundo Carlos Pena Filho, no poema Olinda, “Ninguém diz: é lá que eu moro/Diz somente: é lá que eu vejo”. E para homenagear aqueles artistas que foram os primeiros a se instalar na cidade e dar a sua contribuição histórica, organizou uma exposição das suas obras no salão da Prefeitura de Olinda, considerando-os como os fundadores e, os herdeiros, seus filhos, também criadores expressivos, com trabalhos de várias vertentes estéticas expostos no Mercado da Ribeira e no Atelier Coletivo; a montagem de todas essas mostras foi concebida pelo projeto expográfico da artista plástica e museógrafa Amélia Couto.

Além do catálogo, com a publicação dividida em 2 volumes —  no primeiro, estão todos os artistas presentes no evento, no segundo, os homenageados com os fundadores e os herdeiros —, da participação de 77 ateliês para a visitação do público e 240 artistas e artesãos, o movimento foi dinamizado com oficinas, palestras, apresentações culturais, e um roteiro gastronômico temático. A partir da realização do 10º Olinda Arte em Toda Parte terá uma concepção permanente de vitalidade, porque a cada ano se dará um passo mais ousado. É de se aplaudir a participação dos artistas e a importante iniciativa da administração pública no apoio, patrocínio e na estruturação para a concretização do movimento.