"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O povo e a corte

                                                   Ministro do STF - Joaquim Barbosa


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, confirmou o que nós, o povo, sabemos: que os partidos políticos são de “mentirinha”, que “são ineficientes e dominados pelo Poder Executivo”. Basta ler as pesquisas de opinião sobre as instituições e poderes brasileiros para perceber que o Congresso sempre fica em último plano.

O ex-presidente Lula acordou no momento em que entendeu essa estrutura política e, só na sua quarta candidatura, quando se uniu a políticos de todas as cores e ideologias, venceu as eleições e dominou o Congresso, principalmente com o seu ministro estrategista José Dirceu.

   

Sonhamos, em todos os anos de eleições, com um Presidente da República e representantes do Congresso que deem sentido novo ao nosso país; que realizem as reformas de que necessitamos nas áreas política, tributária, penal e judiciária; na educação; na saúde; no transporte... Mas logo após consolidados os eleitos, com o passar dos anos, vêm as desilusões, os mesmos fatos, as mesmas corrupções, e a preocupação maior de cobrar impostos, enriquecer mais o governo, que já está imensamente rico e pela atitude, se beneficia do povo, que vota e elege.
   
Na verdade o Brasil cresce pela força empreendedora desse povo paciente, que contribui a cada dia com o suor do trabalho, porque, se dependesse de muitos dos nossos representantes políticos, a Nação estaria paralisada. A inteligência dos brasileiros, em todos os âmbitos, destaca-se em grande parte do mundo, mas são indivíduos independentes que nos representam com os seus valores, nada a ver com governos e políticos.
   
E com essa força demos passos importantes, mas podemos “fazer mais”, como dizem todos os candidatos, só que estamos andando a passos de tartaruga. Já poderíamos ter dado saltos imensos e estarmos no patamar de Primeiro Mundo. Mas há dois Brasis: o real e o encantado.
   
Para quem duvida, sugiro que visite ou necessite de tratamentos em hospitais públicos ou de uma simples consulta médica; reivindique à Justiça indenizações ou direitos como vítima de processos penais; observe os impostos cobrados nos produtos dos supermercados. Vejam a via férrea Norte-Sul, que foi paralisada e deu prejuízos constatados pelo TCU; a transposição do Rio São Francisco, com superfaturamentos; ou, como são tantos lados para mostrar, façam um passeio, simplesmente, no centro do Recife e verifiquem a decadência...




quarta-feira, 1 de maio de 2013

Calçadas perigosas


É o que posso dizer em relação às nossas calçadas na cidade do Recife. Infelizmente, este é um drama que vivemos há longos anos. E esta é a preocupação do atual prefeito, Geraldo Julio, com 100 dias de governo: resolver o grave problema criando leis que possam restaurá-las. O desleixo foi das administrações anteriores, principalmente dos últimos doze anos. É lamentável.

No dia 20 de fevereiro, à tarde, caminhando no bairro da Encruzilhada, após compras no mercado público, com as mãos ocupadas carregando sacolas, quando ia atravessando um sinal para alcançar outra calçada, levei uma topada e caí com o ombro direito. A dor foi expressiva porque não tive tempo de me proteger, largando as sacolas para utilizar as mãos como meio de defesa: espatifei-me no chão quente e logo fui cercado por pessoas sensibilizadas com aquele “senhor” caído pelas vias das más traçadas calçadas. Alguém perguntou: “O senhor pode se levantar?”. “Meu Deus”, pensei, “finalmente as calçadas me derrotaram!” “Não”, respondi e devolvi: “O senhor pode me ajudar a levantar?”. Assim foi feito. E continuei a caminhada solitária com a dor atroz, segurando as sacolas em um só braço. Bem, aí continuou a via-crúcis.

Só no dia 22 fui a um grande hospital, no setor de emergência. O médico identificou, através de radiografia, três fraturas e me encaminhou para realizar uma cirurgia de emergência. Passei dez horas em jejum, fui hospitalizado, realizei todos os exames pré-operatórios. Já no quarto hospitalar, com a bata ridícula, touca e pantufa própria para cirurgia, recebi a visita do anestesista; perguntou-me se estava em jejum, há quantas horas, etc. e entrou na conversa que o interessava: “Senhor Plínio, tenho um assunto que considero constrangedor”. Fiquei curioso com o “constrangimento”. E aí ele foi direto. “Terei que cobrar ao senhor R$ 1.500,00 por fora, porque o seu plano não cobre o meu trabalho.” Então, disse-lhe: “Meu caro, quem está constrangido sou eu por ser oneroso o plano e ter que lhe pagar ainda esse valor; sendo assim, não farei a cirurgia”. E o anestesista terminou dizendo que aguardasse os instrumentistas, porque eles viriam também cobrar o “cachê” deles. Tudo confirmado pelo chefe da equipe cirúrgica. Fiquei com a cara no chão — mais uma queda!  

Neguei o pagamento, saí daquele hospital e fui cirurgiado em outro, com outra equipe, diria de competentes e bons médicos, não corporativistas nem mercenários. O plano negou as más informações dos primeiros médicos, e o grande hospital admitiu o erro.