Oswaldo Goeldi (1895–1961) representa um dos artistas brasileiros da maior expressão na xilogravura, que expandiu a sua arte, internacionalmente, para importantes centros culturais. Economizava em seus cortes na madeira para proporcionar uma precisão magnífica na definição das formas xilográficas. A luz sai do preto, como que irradiando uma luminosidade noturna. Uma luz como se a víssemos atravessar num bloco escuro ou penetrar numa caverna. Uma magia impressa e uma visão própria do mundo. Os temas são a simplicidade. Animais domésticos, cenas de rua com homens anônimos, trabalhadores, a morte, o crime, pescadores que labutam em ondas bravias, peixes. Nunca o artista descreveu os prazeres da burguesia, o que o interessava era o trabalho ou o vazio dos transeuntes. A sua integração com os materiais do ofício era de um mestre que observava todos os meios para atingir a perfeição; os instrumentos cortantes e as madeiras eram selecionados de forma que oferecessem as melhores possibilidades técnicas.
Oswaldo Goeldi
Nasceu no Rio de Janeiro e aos seis anos partiu para a Suíça com os pais. Goeldi não foi um artista precoce. Só em 1915, aos vinte anos, após abandonar a Escola Politécnica de Zurique, começa a se dedicar às artes plásticas. O contato com a Europa forneceu o veículo para encontrar grandes artistas que o influenciaram. Mas o seu empenho foi transitado pelo autodidatismo, realizando desenhos preciosos, para, então, abrir esses contatos. O primeiro artista a influenciá-lo foi Alfred Kubin, um ilustrador austríaco com quem o artista brasileiro manteve correspondência durante toda sua vida; indiretamente recebeu as influências de Guaguin, Van Gogh, Edvard Munch e James Ensor.
Na volta ao Brasil, em 1919, recebe crítica pesada dos conservadores da Academia Imperial de Belas-Artes que não aceitaram as influências sobre a obra do artista, vindas do expressionismo alemão. É aqui que ele inicia as suas atividades como gravador e aperfeiçoa a xilogravura de forma brilhante. Realiza ilustrações para jornais, revistas, livros, que foi uma das formas que encontrou para manter a sobrevivência, sua e da arte. Com o tempo, Goeldi faz a ponte com escritores, poetas e intelectuais, fornecendo ilustrações para suas obras. Drummond o descreveu como “o pesquisador moral sobre a noite física”.
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