Marc Chagall
Deflagrada
a Revolução de 1917, o pintor russo Marc Chagall, imbuído de idealismo, retorna
à sua pequena aldeia natal, Vitebsk, de população predominantemente judia — ele
próprio era judeu —, já com um percurso considerável em Paris, onde conheceu a
vanguarda de artistas plásticos e poetas. Amigo de Modigliani e do poeta Apollinaire, que selecionou obras do artista para realizar uma exposição em Berlim,
associa-se à Escola de Arte do Povo de Vitebsk, fundada em 28 de janeiro de
1919, no calor da influência revolucionária, como um dos professores mais
importantes e colaboradores educacionais da arte no movimento bolchevista.
Chagall
alcançou um prestígio notável com os estudantes e a população local, atraindo
todos os interessados em estudos da arte com as inovadoras interpretações das
coisas a serem representadas. Em aulas de campo, por exemplo, ensinava que
seria interessante captar a natureza pelo seu lado mais feio para, então,
retirar dali o belo e a essência. Pregava uma arte livre, individualista e
independente, que ia de encontro, naturalmente, ao coletivismo das novas ideias
da ordem marxista/leninista vigente.
Seu
interesse era o povo, e acreditava que a educação pela arte seria um meio
libertador. Dizia que era preciso “cuidar para não apagar as peculiaridades
individuais de cada pessoa, embora trabalhando em grupo”. Por isso, o seu
ensino era chamado de “estúdio livre”, tinha o maior número de inscritos. O seu
estilo marcou, entre seus alunos, pela admiração e pelo respeito às ideias e à obra. Ele se entusiasmava em ver uma população
pobre, jovem, de origem operária, interessada em se integrar à Escola de Arte,
criando uma nova perspectiva de vida e de alegria. O artista recrutou, em
Petrogrado e Moscou, professores como o futurista Ivan Puni e a esposa, Ksenia
Boguslavskay, entre outros, para a empreitada educativa na arte.
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