Fernando de Noronha
O personagem colecionador sempre foi importante para o mercado de arte. Tem um olhar agudo e refinada cultura. Adquire uma obra porque aprecia os seus valores intrínsecos. E são estes que os comerciantes de arte valorizam, porque compram para incorporá-la ao seu convívio permanente, deixando para os seus herdeiros um patrimônio de estimado valor. Os marchands tradicionais, principalmente europeus e estadunidenses, se alimentavam dessas obras adquirindo-as através de espólios, após muitos anos presentes nessas coleções. Quando adquiridas, permaneciam nos acervos das galerias por tempo suficiente para retornar às vendas com preços algumas vezes multiplicados. E não se enganem: essa fórmula gerava muito dinheiro para os comerciantes. Era a velha técnica do mercado até alcançar outra.
Hoje, os galeristas são como corretores que vendem obras porque elas estão cotadas nas bolsas de arte, nos leilões. O tradicional colecionador passou a ser um investidor e geralmente compra uma obra porque o artista está em alta cotação, com pouca paixão pela peça adquirida. E a revende se perceber que os índices do artista estão em baixa, para não ter maiores prejuízos. Existem poucos ainda que mantêm aquelas obras por puro prazer de tê-las em suas paredes. Muitos erros desse tipo foram comprovados na história, por exemplo, Van Gogh, que é uma lenda por não ter vendido nenhum quadro, atualmente tem obras com sua assinatura que são adquiridas por mais de US$ 100 milhões.
Diz-se que o mercado de arte brasileiro está de vento em popa, que as exportações são maiores que as importações e que o interno cresce com o desempenho das galerias e das feiras em São Paulo (SP-Arte) e no Rio de Janeiro (ArtRio). Que desponta artista relativamente jovem, estourando nos leilões com preços de mais de R$ 1 milhão, e que chamam a sua obra de prima. Também sabemos que o mercado esteve em baixa por um período. E assim vive o nosso mercado de arte: em oscilações. Por enquanto a confirmação é de que a projeção é pra cima até ao longo de 2014. Já passamos por bolhas em investimentos em leilões e notícias alvissareiras constantes. É esperar para confirmar. Existe muito marketing na história. Mas os fatos podem comprovar a verdade.
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