Mano Victor é como assinou os seus quadros; Maninho é como todos o chamavam numa só irmandade; e Dr. Edson Victor, o seu nome como ilustre clínico que atendia com a fraternidade imensa de quem tinha a missão natural de conquistar pessoas simplesmente pelos gestos sensíveis na prática médica, em que alcançava as medidas da arte, consolidada através do conhecimento e da experiência. Mano Victor, Maninho ou Dr. Edson Victor foi um ponto de convergência entre grupos e ideias; ele, como um sol, aquecia a temperaturas consideráveis, eliminando, assim, as divergências possíveis ou se destacava como uma das mais importantes presenças para os amigos de vários segmentos da sociedade.
Um artista nato e um médico por prazer. A ciência médica, para ele, servia, acima de tudo, como veículo para se aproximar da parte essencial e humana do paciente. Nada lhe importava mais que a felicidade de quem atendia; por isso, talvez, tantos pacientes também artistas o solicitavam para tratamento. Numa consulta, além da sua perspicácia como excelente clínico, interessava-lhe, principalmente, a história do paciente de forma mais ampla. Essa prática médica absorveu, como profissão, em grande parte de sua vida, o tempo de artista, mas, com os amigos artistas, escritores, poetas, jornalistas, atores, músicos, médicos, cientistas, alimentava-se permanentemente do espírito da arte e da cultura. O humor e a inteligência que lhe pertenciam atraíam esses companheiros, que partilhavam com ele, semanalmente, a bela e famosa sopa em sua residência.
Grande parte de sua arte foi direcionada a registrar as formas arquitetônicas antigas que as cidades de Olinda e do Recife ainda milagrosamente possuem. E lamentava que o Recife estivesse perdendo espaço, em função das construções verticais — quase sempre sem a beleza artesanal daquelas edificações com detalhes e ornamentos graciosos realizados por pedreiros artistas as quais Mano Victor registrava logo, antes que fossem demolidas. Por isso, intitulou Fachadas uma das séries fundamentais da sua obra. Mas também o mar, os barcos, as pessoas, as árvores e toda imagem que humanizasse o universo do seu trabalho estavam presentes nos motivos.
Maninho — este nome foi dado carinhosamente pelos familiares — expandiu-se sobre as pessoas e a cultura das duas cidades vizinhas; onde estivesse a manifestação da inteligência e da sensibilidade, o nome Maninho estava presente como testemunha e símbolo de que aquela exposição, peça teatral, apresentação musical, centros populares de cultura, etc., estavam alcançando os objetivos da qualidade preciosa. Nome que está impresso nas nossas mentes e que marcou presença no coração dos amigos e admiradores.
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