15/07/2010
Plínio Palhano
Toda Bienal, principalmente no Brasil, é polêmica, e, no mundo, existem mais de duas centenas delas. A anterior (2008), de São Paulo, foi chamada — como é do conhecimento público — a do Vazio, porque deixou um dos andares do edifício sem nenhuma utilidade. Esse andar foi preenchido pelos pichadores, que, dizem, serão representados este ano, na 29ª Bienal, em vídeos e fotos, num provável ato estratégico e preventivo com o fim, talvez, de domesticá-los e evitar que se atrevam a repetir a “transgressão”. Os curadores ainda têm o desplante de dizer que não sabem se o que os pichadores fazem é arte. Ora, se não sabem, para que servem esses vídeos e essas fotos?
Esta Bienal de 2010 é a da Política Obscura, porque, segundo o conceito dos atuais curadores, não se pode distanciar arte da política — isso dito sem maiores explicações. Mas a que política eles se referem? A dos conchavos? A das cartas marcadas? Diz-se que a permanência de políticas estranhas na Bienal é fato, sem nenhuma dúvida.
A unanimidade entre os pensadores e críticos das Bienais é que essas instituições estão em crise, falidas, nelas havendo pouquíssimas surpresas, principalmente no aspecto da concepção, mas, no Brasil, acrescentam-se as dívidas financeiras exorbitantes. E já que a curadoria fala da aproximação da arte com a política, seria fundamental dar outra dimensão ao evento, com uma verdadeira política, transparente e objetiva, sem as afirmações e os conceitos dúbios que geram apenas especulações e não atingem a finalidade de uma Bienal.
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