"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand

domingo, 7 de junho de 2015

A fotógrafa

                                                               Roberta Meira Lins

O olhar da fotógrafa Roberta Meira Lins tem como base a tríplice força necessária que impulsiona o ato criador de um artista: a sensibilidade, a cultura e a inteligência. A sensibilidade fornece elementos para perceber o mundo de forma própria, transfigurando-o com as teclas, vamos dizer, musicais, que mostram as coisas sob vários aspectos. A cultura dá ao seu olhar a percepção do que pretende captar; possui informações que a fazem lembrar a história, os criadores de que tem conhecimento e, principalmente, as raízes da sua terra. Nesse quesito, a fotógrafa teve o privilégio de conviver, na infância e adolescência, com as obras da coleção do seu avô materno, Albino Gonçalves Fernandes — psiquiatra culto que mantinha amizade com Vicente do Rego Monteiro e foi um dos retratados pelo pintor —, que, em sua pinacoteca, tinha quadros de Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres e de outros artistas plásticos internacionais... Além disso, a casa era frequentada por escritores e pensadores. A inteligência a deixa aguda para poder alcançar os objetivos da arte, naturalmente, os requintes da técnica, do mote a ser trabalhado e do seu processo de desdobramento. Elegeu a arte da fotografia como expressão e entende que essa linguagem é ponta de lança nas concepções contemporâneas. Nada se perde em seu percurso, tudo se concretiza e se transforma em obras que são produto da sensibilidade, da cultura e da inteligência.

A fotógrafa tem um currículo considerável de imagens que a consolida como uma das mais significativas artistas no âmbito da fotografia em Pernambuco. E em Paris, ainda este ano, participará de uma exposição coletiva de fotógrafos selecionados, numa das instalações do Museu do Louvre. Agora, escolheu um tema que lhe foi e está muito próximo: a praia de Porto de Galinhas. Conheceu esse recanto do litoral sul do Estado no tempo em que frequentava, com a sua família, a praia mais deserta e quase primitiva. Talvez nessas recentes fotografias tenha um pouco de autobiografia, a lembrança das coisas simples e verdadeiras que envolvem aquele paraíso notado e divulgado em todo o planeta. Faz questão de mostrar os pescadores em suas atividades diárias na pesca e na condução de jangadas com velas largas, brancas ou de várias cores, luminosas, num límpido mar e no céu expressivo em sol pleno e com nuvens tropicais. São fotografias que encantam e enriquecem o olhar e a memória do espectador.

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