"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O universo de Dalí




O pintor catalão Salvador Dalí (1904–1989) foi um talento precoce: aos 6 anos pintou uma paisagem dos arredores de sua cidade natal, Figueras, iniciando naquela obra o percurso de uma das personalidades artísticas que influenciaram o século XX e a arte universal, na mesma dimensão de Picasso, Matisse, Duchamp, Malevich e outros modernistas. A sua independência já transparecia, na pré-adolescência, sinal de ideias avançadas e segurança em si próprio para o trabalho que iria realizar. Aos 10 anos descobriu o impressionismo e começou a desenvolver pinturas luminosas com aquela matéria espessa e característica dos impressionistas.

Entusiasmado, partiu para o pontilhismo e iniciou uma série de paisagens da região de Cadaqués, com pescadores, barcos, retratos dos familiares e autorretratos. Aos 18 anos, conhece o cubismo, o futurismo e os artistas que estavam na vanguarda do seu tempo, como Picasso, Matisse, Miró, Juan Gris, Morandi, Severini, Chirico, Carrà; o poeta de Granada Federico García Lorca — por quem teve amizade e paixão —; e o cineasta Buñuel. Com este, futuramente, realiza o filme O Cão Andaluz. Todos se tornaram amigos do jovem artista. Nesse período as influências de Picasso e Miró são fortes. Aparecem quadros cubistas e as lembranças das formas de Miró, mas sempre com a marca do olhar e do cérebro agudos de Dalí.

Em 1929 inaugura a sua fase surrealista com duas obras: O Enigma do Desejo – Minha Mãe, Minha Mãe, Minha Mãe e O Jogo Lúgubre; será um entusiasta e protagonista desse movimento liderado pelo poeta e teórico André Breton. A partir daí, a obra de Dalí se expande.

Admirador da cultura e da arte renascentista, elabora trabalhos surrealistas com imagens inspiradas nos grandes mestres. Aqui, no Recife, na Caixa Cultural, foram expostas 100 xilogravuras realizadas, sob a supervisão do pintor, por dois gravadores, Raymond Jacquet e Jean Taricco. Eles reproduziram, com perfeição técnica, as ilustrações em aquarela do artista sobre A Divina Comédia, de Dante Alighieri, encomendadas, na década de 1950, pelo governo italiano para as comemorações do 700º ano do nascimento do poeta. Os italianos desistiram da encomenda, mas Dalí continuou a obra. Um trabalho complexo e de grande envergadura, testemunho vivo do gênio surrealista.



terça-feira, 9 de julho de 2013

O Grito

                                                                 

Este é o título de uma obra do pintor norueguês Edvard Munch (1863–1944), realizada em 1893, na qual utilizou uma técnica mista, com óleo sobre tela, têmpera e pastel, uma das mais significativas do expressionismo mundial. Pintura realizada em um período difícil do artista, que refletiu em nosso século como uma expressão máxima de angústia, talvez por isso nos toque tão profundamente por vivermos num tempo em que o cidadão é oprimido por todos os lados: pelo desenvolvimento desordenado, pelo Estado sem uma definição ideal para a sociedade e pelas imensas tragédias que assolam o planeta.

Hoje, esse grito é multiplicado por milhares de pessoas em vários países, inclusive no nosso. Vozes que clamam contra a corrupção; por justiça social; diminuição da criminalidade, que amedronta o cidadão todos os dias; melhoria nas condições de vida, na educação, na saúde, no transporte, na moradia, no salário, na política; a redução de impostos, cujo retorno não vemos... A esperança — apesar de o povo brasileiro ser otimista e paciente — foge-lhe das mãos, numa cena de muita tristeza.

Mas essas vozes têm a sua demonstração de grandeza através das redes sociais. É ali que o cidadão diz tudo. Fala mal dos governantes, mostra-lhe os erros. Também dos parlamentares, apontando as deformações do Congresso, que finge não saber o que o povo quer. Levanta bandeiras de ordem. Organiza-se para se manifestar nas ruas e falar do que precisa. Este é o verdadeiro plebiscito.

A leitura que é feita nessas páginas na Internet dá para interpretar a voz do povo. Só não vê e ouve quem não quer. Está sendo um verdadeiro dragão de poder democrático, talvez o quarto a partir de agora. É a sociedade, com toda sua força, colaborando com os políticos para que eles trabalhem como ela quer. Uma verdadeira democracia forjada pelo povo, e não pelos governantes.

E as ruas é a materialização das vozes cidadãs. Milhares caminham com a vontade de verdadeiras mudanças. Para trás as velhas políticas! É isso que o povo quer: saciar as suas necessidades emergentes. Nada em longo prazo. Mudanças já! Não há como esperar. O tempo se esgotou.