"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Arte e concepção



No século XX, principalmente nas décadas a partir de 1950, iniciou-se a aceleração de invenções nos campos teórico e prático da arte, que é notável. Em todo o planeta, o pensamento artístico é colocado cada vez mais à frente das últimas novidades.  Os movimentos são revividos com intensidade, e revoluções estéticas surgem num passe de mágica. Ainda sob a herança de Marcel Duchamp, a arte conceitual tomou uma dimensão irreversível, e, nos dias atuais, repetem-se concepções vividas por artistas nas décadas anteriores. A arte de agora também se revela como fonte de questionamentos sobre os fenômenos sociológicos. Passou da coisa plástica materializada para revelar abstrações do mundo real, tentando modificá-lo sob a ótica ideológica. O artista deixou de valorizar o ofício como o entendemos no âmbito das habilidades artesanais, sobrepujando-o pela ideia, por uma argumentação teórica. E se alimenta através de uma suposta ciência para valorizá-la como algo duradouro. Tudo está em função dessa ideia. A tecnologia, os materiais mais inusitados, as rupturas, mesmo com o que possa ser considerado belo, estão a serviço dos conceitos de uma visão temporal.

Os artistas do Renascimento italiano caminhavam no sentido oposto. Foram considerados artistas-artesãos. No estúdio, com o auxílio dos colaboradores aprendizes, produziam vários apetrechos da vida prática, como celas para cavalos, sinos, móveis, o que se poderia imaginar de coisas úteis para o cotidiano, em arquitetura, engenharia, fundição, ourivesaria e tantos outros conhecimentos da habilidade humana. Além, claro, da pintura, da escultura, do afresco, que se colocavam como a prima obra. Parece-nos, hoje, que aqueles artistas se apresentavam com um poder criativo que ultrapassava o homem comum, e é quase incompreensível para as nossas mentes atuais concebê-los capazes de realizar tantas façanhas. Pensar em artistas como Da Vinci, Michelangelo e Rafael Sanzio — citando apenas os exemplos mais evidentes do Renascimento italiano do século XV — é ver um mundo de obras que permaneceu e que é testemunho de uma elevada cultura que marcou a história da humanidade. Esses artistas receberam a formação nos ateliês dos mestres Andrea del Verrocchio (Da Vinci), Domenico Ghirlandaio (Michelangelo) e Pietro Perugino (Rafael Sanzio).

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