"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Calçadas perigosas


É o que posso dizer em relação às nossas calçadas na cidade do Recife. Infelizmente, este é um drama que vivemos há longos anos. E esta é a preocupação do atual prefeito, Geraldo Julio, com 100 dias de governo: resolver o grave problema criando leis que possam restaurá-las. O desleixo foi das administrações anteriores, principalmente dos últimos doze anos. É lamentável.

No dia 20 de fevereiro, à tarde, caminhando no bairro da Encruzilhada, após compras no mercado público, com as mãos ocupadas carregando sacolas, quando ia atravessando um sinal para alcançar outra calçada, levei uma topada e caí com o ombro direito. A dor foi expressiva porque não tive tempo de me proteger, largando as sacolas para utilizar as mãos como meio de defesa: espatifei-me no chão quente e logo fui cercado por pessoas sensibilizadas com aquele “senhor” caído pelas vias das más traçadas calçadas. Alguém perguntou: “O senhor pode se levantar?”. “Meu Deus”, pensei, “finalmente as calçadas me derrotaram!” “Não”, respondi e devolvi: “O senhor pode me ajudar a levantar?”. Assim foi feito. E continuei a caminhada solitária com a dor atroz, segurando as sacolas em um só braço. Bem, aí continuou a via-crúcis.

Só no dia 22 fui a um grande hospital, no setor de emergência. O médico identificou, através de radiografia, três fraturas e me encaminhou para realizar uma cirurgia de emergência. Passei dez horas em jejum, fui hospitalizado, realizei todos os exames pré-operatórios. Já no quarto hospitalar, com a bata ridícula, touca e pantufa própria para cirurgia, recebi a visita do anestesista; perguntou-me se estava em jejum, há quantas horas, etc. e entrou na conversa que o interessava: “Senhor Plínio, tenho um assunto que considero constrangedor”. Fiquei curioso com o “constrangimento”. E aí ele foi direto. “Terei que cobrar ao senhor R$ 1.500,00 por fora, porque o seu plano não cobre o meu trabalho.” Então, disse-lhe: “Meu caro, quem está constrangido sou eu por ser oneroso o plano e ter que lhe pagar ainda esse valor; sendo assim, não farei a cirurgia”. E o anestesista terminou dizendo que aguardasse os instrumentistas, porque eles viriam também cobrar o “cachê” deles. Tudo confirmado pelo chefe da equipe cirúrgica. Fiquei com a cara no chão — mais uma queda!  

Neguei o pagamento, saí daquele hospital e fui cirurgiado em outro, com outra equipe, diria de competentes e bons médicos, não corporativistas nem mercenários. O plano negou as más informações dos primeiros médicos, e o grande hospital admitiu o erro.

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