"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O violino de Matisse


O pintor francês Henri Matisse (1869–1954) concretizou a sua vocação para as artes plásticas tardiamente, após passar um ano estudando direito em Paris e tentar ser um violinista durante a infância e adolescência, por influência do pai, que acreditava que o artista poderia ser um virtuoso no instrumento que o acompanhou durante toda a vida, principalmente nos momentos mais difíceis, quando o artista mergulhava nas emissões agudas das sonoridades características daquelas cordas musicais, para liberação das tensões nervosas que o acometeram em vários períodos e fases da carreira de um dos principais inventores do pensamento, da arte e da cultura moderna ocidental.

A sua influência na Europa pós-impressionista foi considerada fundamental e exerceu uma das lideranças que esteve como ponta de lança nos movimentos mais importantes, a exemplo do Fauvismo, consolidado em 1905, e inspirado nas cores fortes de Van Gogh e no primitivismo de Gauguin, tendo como origem do nome o termo les fauves, dado por um dos críticos conservadores, à época, Louis Vauxcelles. Portanto, chamaram seus seguidores de “as feras”, grupo em que estavam artistas como Derain, Vlaminck, Dufy, Braque... Segundo Matisse, todos procuravam a pureza das cores e o seu equilíbrio, com a força de pinceladas veementes.

Na sua permanência em Paris, Picasso encontrou Matisse — um mestre atuante na cultura parisiense que era ouvido seriamente e apontava caminhos como fonte de muitas revoluções estéticas e um competidor à altura da genialidade picassiana. Matisse teorizava suas elucubrações plásticas com força e rigor, exercendo o poder das ideias sobre os demais artistas, fato que intimidou Picasso, no início, ao conhecê-lo, e fez o poeta Apollinaire chamá-lo de fauve dos fauves.

A trajetória do artista, sempre acompanhada pela presença do violino, foi marcada por lutas e reflexões que o levaram a conquistas não somente no âmbito estético, mas também na popularização da arte que realizou, ampliando as vendas das suas obras, que se propagaram em toda a Europa e América, através de importantes colecionadores que o acompanharam durante todas as suas fases. Alcançar o mérito de tornar-se Cavaleiro da Legião de Honra, eleito pela revista L’Art Vivant como um dos artistas mais populares da França, e incluído no hall da fama da Vogue inglesa gerou a velha inveja humana entre os cubistas e surrealistas, que o consideravam um artista decorativo.


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