"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A história testemunha os artistas


Claude Monet foi considerado um dos artistas mais felizes, principalmente quando adquiriu a sua propriedade em Giverny, na Normandia, criando, ali, os seus jardins, com um lago e uma vegetação inspiradores para o seu trabalho como longevo impressionista. Nesse ambiente, captou os reflexos das águas daquele lago, com a ponte japonesa, onde estavam os nenúfares que reproduziu ad infinitum, numa concepção plástica abstrata das mais belas e importantes no século 20, tendo como base as ideias e teorias que formaram a revolução do Impressionismo na segunda metade do século 19.

Também outro artista que transparecia uma harmonia estética e espiritual foi Henri Matisse, este um dos que mais influenciaram o mundo da arte no seu tempo, alcançando, com a poderosa verve, até mesmo outro sensível e genial artista, que reinou soberano em suas várias fases: Pablo Picasso.

Mas nem sempre a história testemunha uma felicidade na vida dos artistas. Um dos exemplos mais dramáticos foi o de Vincent Van Gogh, que, inicialmente, trabalhou na Goupil and Co., que negociava obras de arte e foi o seu primeiro fracasso. Posteriormente, fez a sua tentativa de “ser útil à humanidade” como pastor protestante, concorrendo para a função já com 24 anos, quando seus colegas eram todos bem mais jovens. Mesmo assim, foi reprovado pelos radicais instrutores religiosos que, por um ato de “misericórdia”, mandaram-no para uma região de pobres mineiros de carvão em Borinage, Bélgica. E foi quando demonstrou uma grandiosidade humana, doando àqueles mineiros tudo de si, inclusive sua casa e suas vestes, como um São Francisco enlouquecido. Ao abandonar a religião, seguiu a segunda reprovação, esta da família, principalmente do pai, dos irmãos e das irmãs, por ser uma espécie de vergonha na tradição protestante calvinista, com as suas maneiras “grosseiras” de estar na sociedade; apenas um deles, Theo, o mais novo, manteve uma grande amizade e correspondência com Vincent. Restou-lhe a arte, e aí inicia um caminho que todos nós sabemos: a glória de uma obra que resplende sobre toda a Holanda e o mundo, como um sol de genialidade, e, naquele país, os Van Goghs estão no topo por causa única daquele tido pelos seus, à época, como enlouquecido e vergonhoso artista.

Van Gogh, no seu percurso, conhece Paul Gauguin, outro artista que teve uma história de grandes realizações em sua obra, mas também o gosto amargo por abandonar uma vida burguesa provinda de suas atividades como especialista na área financeira. Todos os caminhos da miséria, com algumas exceções, Gauguin encontra e, nas palavras de sua própria esposa, Mette, era um verdadeiro canalha. Enquanto ele tinha a certeza de que estava deixando um patrimônio para a arte, imensurável, a família da mulher o considerava o pior de todos os maridos e pai. Só existia uma pessoa a quem Gauguin dedicava sua obra e seu sentimento: sua filha Aline. Para esta, quando da sua morte, dedicou a obra-prima — De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? (1897).

DIARIO DE PERNAMBUCO

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