"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand

domingo, 12 de outubro de 2014

Corot


                                                                              Corot

O pintor francês Jean-Batiste Camille Corot (1796–1875), mais conhecido simplesmente como “Corot”, por assim assinar suas obras, é considerado um dos paisagistas mais representativos da pintura europeia da primeira metade do século XIX. Inicialmente, teve uma formação clássica, acadêmica, mas logo se libertou após a sua viagem à Itália. Criou uma maneira de interpretar a paisagem com linguagem única, ao pintá-la ao natural, captando uma realidade luminosa e delicada que antecedeu o movimento impressionista e influenciou alguns de seus artistas, como Pissarro, Sisley, Renoir... É considerado um dos precursores do estudo da cor e da luz, fundamento daqueles pintores que se reuniam por essa ideia.

Seu pai, um comerciante abastado que não tolerava e não acreditava no seu talento, porque queria vê-lo nas atividades do comércio, dizia-lhe que era inútil a pintura por não produzir dinheiro suficiente. Corot passou bastante tempo com dificuldades, sem conseguir ser aceito no mercado e, principalmente, no salão oficial parisiense, que, na época, era o teste essencial de todo pintor para ser acolhido pela comunidade artística, crítica e pelos mercadores de arte. Mas, tardiamente, conseguiu alcançar o sucesso de mercado e crítica. Mesmo cercado por invejosos, a demanda era excelente para a venda de suas obras, fato que, infelizmente, não foi de conhecimento do seu pai. “Para mim é maravilhoso ouvir ser chamado, agora, de ‘um homem eminente’. Que lástima que não tenham dito antes ao meu pai, que odiava tanto a minha pintura e que a julgava inútil porque não se vendia”, disse a um dos seus contemporâneos.

Apesar de rigoroso com a sua obra, conta-se que Corot era de uma generosidade constante com todos aqueles que conviviam com ele. Tinha no bolso um exemplar da “Imitação de Cristo” e lia-o todas as noites. Dizia que esse livro lhe ensinou que nenhum homem deveria se orgulhar de seus talentos. O artista era incapaz de uma atitude que prejudicasse, de alguma forma, os semelhantes. Certa vez, um cidadão foi mostrar uma obra com a sua assinatura e queria saber se o quadro era autêntico. Corot reconheceu que era falso. O comprador se enfureceu com o comerciante que lhe vendeu e avisou que iria tomar as providências. O pintor disse-lhe que não fizesse isso porque poderia prejudicar a vida do vendedor e de seus filhos. Então, pediu-lhe a obra, levou-a ao cavalete, aplicou as pinceladas definitivas e afirmou: “Pronto, agora você tem um Corot”.

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